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O que é Epigenética? A epigenética é a ciência que estuda as alterações na expressão dos genes sem modificar a sequência do DNA (as letras A-T-C-G que compõem o código genético). Em termos simples, é como se nossos genes fossem um livro com milhares de páginas, e a epigenética fossem as anotações ou marcações que dizem quais partes devem ou não ser lidas. Essas marcas determinam se um gene será “ligado” ou “desligado”. Isso significa que, mesmo herdando uma predisposição genética, fatores externos podem influenciar se essa característica se manifestará ou não. Como funciona a epigenética? Os principais mecanismos epigenéticos conhecidos são: Metilação do DNA : pequenas marcas químicas que silenciam genes. Modificação de histonas : proteínas que “empacotam” o DNA e regulam sua leitura. RNA não codificador : moléculas que controlam a produção de proteínas. De forma prática, podemos dizer que a genética é o hardware (estrutura), e a epigenética é o software (programação) , capaz de ajustar como esse sistema funciona. A ciência por trás da epigenética A epigenética começou a ganhar força na década de 1940 com o biólogo britânico Conrad Waddington , que sugeriu que o ambiente poderia influenciar a herança biológica. Hoje sabemos que essas mudanças são reversíveis, herdáveis e flexíveis . Estudos recentes têm mostrado exemplos impressionantes: Um experimento publicado na Nature Neuroscience (2014) demonstrou que ratos expostos repetidamente a um cheiro associado a choques elétricos transmitiram o medo desse odor às gerações seguintes, mesmo sem contato direto com o trauma. Isso significa que memórias e traumas podem ser herdados biologicamente . Pesquisas também mostram que a alimentação paterna influencia a saúde da descendência . Estudos em camundongos revelaram que pais obesos ou com dieta rica em gordura transmitiram alterações metabólicas aos filhos e netos, aumentando o risco de resistência à insulina e obesidade (Morris et al., 2010; Chen et al., 2016; Ornellas et al., 2017). Essas descobertas reforçam que não apenas herdamos genes, mas também marcas epigenéticas influenciadas pelo estilo de vida e pelo ambiente . Epigenética, Saúde Integral e Medicina Integrativa Se antes acreditava-se que “os genes determinam o destino”, hoje sabemos que eles são apenas parte da história. A epigenética mostra que estilo de vida, ambiente e emoções têm papel decisivo na expressão genética. Fatores como: Nutrição equilibrada (alimentação saudável) Atividade física regular Sono reparador Controle do estresse (mindfulness, respiração, terapias naturais) Evitar tabaco, álcool e poluição Pensamentos e emoções positivas Têm impacto direto em genes relacionados a inflamação, metabolismo, imunidade e envelhecimento . Na prática, isso significa que hábitos saudáveis podem ativar genes protetores e silenciar genes associados a doenças . É aqui que a Medicina Integrativa ganha importância: ao unir a ciência convencional com terapias complementares, conseguimos apoiar o corpo para expressar seu melhor potencial genético. Técnicas como suplementação personalizada, modulação hormonal bioidêntica, fitoterapia e mudanças no estilo de vida podem modular a epigenética em benefício da saúde. Conclusão A epigenética mostra que não somos reféns de nossos genes . Ao contrário, temos um papel ativo na nossa saúde e na saúde das próximas gerações. Um estilo de vida saudável, aliado a uma visão de saúde integral, é capaz de transformar predisposições em oportunidades de prevenção. Assim, cuidar da alimentação, do corpo, da mente e das emoções não é apenas uma escolha individual, mas também um legado para o futuro. "Uma vida saudável começa nas pequenas escolhas de hoje e reverbera em nosso DNA amanhã." Referências Dias BG, Ressler KJ. Parental olfactory experience influences behavior and neural structure in subsequent generations. Nat Neurosci. 2014;17(1):89–96. Morris MJ, et al. Chronic high-fat diet in fathers programs beta-cell dysfunction in female rat offspring. Nature. 2010;467:963–6. Chen Q, et al. Sperm tsRNAs contribute to intergenerational inheritance of an acquired metabolic disorder. Science. 2016;351(6271):397–400. Ornellas F, et al. Obese fathers lead to an altered metabolism and obesity in their children in adulthood: review of experimental and human studies. J Pediatr (Rio J). 2017;93(6):551–9. Lipton B. The biology of belief. Hay House; 2009.